Belmonte Medieval 2024
PROGRAMA DISPONÍVEL BREVEMENTE
Belmonte Medieval 2024
PROGRAMA DISPONÍVEL BREVEMENTE
Mercadores, Artesãos, Artífices e Regatões
Teatro Comunitário Belmonte Medieval
“Em nome da Santa e indivisa Trindade, Padre, Filho e Espírito Santo. Eu, Rei D. Sancho, filho de D. Afonso Henriques, mui nobre rei de Portugal, e da rainha D. Mafalda, juntamente com os meus filhos e filhas, isto é, príncipes D. Afonso e D. Pedro e D. Fernando, e as princesas D. Teresa e D. Sancha, juntamente com D. Pedro, Bispo de Coimbra, e com o consenso de seus cónegos:
1. Queremos restaurar e povoar Belmonte.
(…)”
FORAL DE BELMONTE 1199
A Feira Medieval de Belmonte, atualmente Belmonte Medieval desde 2015, é o evento mais participado e visitado do Concelho de Belmonte.
A Belmonte Medieval realiza-se uma vez por ano no segundo fim de semana de agosto e tem uma duração que varia entre 3 e 5 dias, dependendo do feriado de 15 de agosto. A sua organização é da responsabilidade do Município de Belmonte em conjunto com a Empresa Municipal de Belmonte.
O evento tem a capacidade de transfigurar praticamente toda a vila de Belmonte.
Durante estes dias, para além do recinto medieval na zona central da vila, Belmonte recebe um volume de visitantes significativo, o que resulta em várias alterações no ordenamento normal em termos de serviços, segurança, trânsito e até do modo de vida dos locais.
Talvez um dos aspetos mais interessantes acerca deste evento seja a importância e o carinho que desperta em todos os belmontenses, sem exceção. Para os habitantes, além da oportunidade económica, o evento desperta um sentimento de pertença muito forte, constituindo-se já como um dos momentos mais importantes na partilha das tradições e modo de vida belmontense. 80% da zona comercial da Belmonte Medieval é constituída por pontos de venda explorados por habitantes de Belmonte, do concelho ou das terras circundantes.
Ponto de encontro obrigatório para os que foram estudar ou trabalhar para outras regiões, a feira medieval é também um pretexto de regresso.
Coroada pelo castelo medieval, a Vila de Belmonte sobressai pela beleza das suas paisagens e monumentos, pela riqueza da sua história e recursos, pela sua fabulosa posição estratégica, que a fez dominar, desde tempos imemoriais, territórios e vias de comunicação.
Belmonte é uma vila portuguesa do distrito de Castelo Branco, na província da Beira Baixa, região do Centro e sub-região das Beiras e Serra da Estrela, sede do Município de Belmonte com 118,76 km² de área e 6 204 habitantes (2021), subdividido em 4 freguesias. O município é limitado a norte pelo município da Guarda, a leste pelo Sabugal, a sudoeste pelo Fundão e a oeste pela Covilhã.
A localidade integra a Rede das Aldeias Históricas de Portugal, a Rede de Judiarias de Portugal, o Estrela Geopark, a Associação de Municípios da Cova da Beira e a Comunidade Intermunicipal das Beiras e Serra da Estrela.
Castelo de Belmonte no topo da antiga judiaria
Os vestígios mais antigos remontam ao Neolítico Final / Calcolítico, onde se destaca a anta de Caria. Já o povoado da Chandeirinha e S. Geraldo, são locais que assinalam a presença humana durante a Idade do Bronze / Idade do Ferro.
É, no entanto, da época romana que se encontram os vestígios mais significativos, dos quais se destacam a Villa da Quinta da Fórnea e Centum Cellas, locais ligados à exploração agrícola, mineira, entre outras atividades. De facto, pela quantidade de materiais importados descobertos (ânforas, lucernas, terra sigillata, etc) é notório o dinamismo económico que a região conheceu, que se refletiu no comércio. Também não será alheio o facto de que em Belmonte passava a via romana que ligava Mérida a Braga
Villa Romana da Quinta da Fórnea
Torre de Centum Cellas
D. Sancho I concede-lhe foral em 1199, com o intuito de promover o seu desenvolvimento e povoamento. Mais tarde, D. Afonso III concede autorização ao Bispo D. Egas Fafes para construir uma Torre em Belmonte.
D. Afonso V doou o castelo a Fernão Cabral I, transformando-o na residência da família Cabral. Da família destaca-se a figura de Pedro Álvares Cabral, Descobridor do Brasil e que deu Novos Mundos ao Mundo.
Mas Belmonte também soube acolher gentes de outros credos e culturas. Aqui estabeleceu-se uma Comunidade Judaica que sobreviveu séculos e séculos, perdurando ainda na atualidade.
A História, o património e as tradições são divulgadas nos 6 espaços museológicos existentes em Belmonte: Núcleo Museológico do Castelo de Belmonte; Igreja de Santiago/ Panteão dos Cabrais (Centro Interpretativo dos Caminhos da Fé); Museu Judaico; Ecomuseu do Zêzere; Museu do Azeite; e Museu dos Descobrimentos.
No Concelho, destaca-se também a Torre de Centum Cellas, a Villa romana da Quinta da Fórnea, a Casa da Torre, a Casa Etnográfica, a Casa da Roda e as Pinturas Murais da Capela do Divino Espírito Santo.
A génese da Feira Medieval de Belmonte dá-se três anos antes da sua primeira edição, num evento que data de 2001 e que consistiu numa “demonstração teatral medieval” pelas ruas da zona antiga de Belmonte com a participação dos locais e com a participação teatral de elementos da companhia de teatro e artes circenses do “Chapitô”.
Desfile Medieval embrionário da Feira Medieval de Belmonte, 2001
Já antes, nos anos 90 tinha havido algumas manifestações culturais que faziam alusão a esta época, com alguns jovens da terra a vestirem roupas apropriadas ao tema.
É já em 2004 que, finalmente, Belmonte avança para a I Feira Medieval de Belmonte e explora, ininterruptamente, ao longo de 16 anos (16 edições), as histórias e estórias que envolvem o valioso património de Belmonte.
Em 2020, por culpa da pandemia covid-19 e das restrições sanitárias, a agora chamada Belmonte Medieval (que sofreu alteração do nome em 2015) é cancelada e, pela primeira vez desde a sua génese, não se realiza nesse ano, o que viria a acontecer também em 2021 pelos mesmos motivos, retomando apenas em 2022.
Não fosse esse hiato, a Belmonte Medieval festejaria em 2023 a sua 20ª edição.
A Belmonte Medieval faz parte do reduzido lote de feiras medievais com mais de 15 edições, muito antes da “moda” deste tipo de eventos se ter espalhado por todo o país e gosta de se apresentar não apenas como um evento anual, mas já como uma tradição.
É a mais antiga feira medieval da região interior centro de Portugal e sempre se orgulhou de representar a região junto de outras feiras medievais de renome: Santa Maria da Feira (litoral-norte), Coimbra e Óbidos (litoral- centro), Sintra (zona de Lisboa), Castro Marim e Silves (Algarve).
Vista aérea sobre a Belmonte Medieval, 2022
Nos dias da Belmonte Medieval, a zona histórica de Belmonte transforma-se por completo para dar lugar a um evento que é essencialmente de rua, com fachadas decoradas, lojas de rua (barracas) com restrição de uso de materiais à época, criação de picadeiro em areia, quatro palcos (Castelo, Praça Manuelina, Largo de São Pedro e Pelourinho) e uma estrutura elétrica e de fornecimento de água totalmente dedicada ao evento.
Ilustração do recinto da Belmonte Medieval
Ocupando uma área de aproximadamente 30000m2 (3ha), num perímetro de 1 km, a feira medieval conta habitualmente com 5 restaurantes medievais (mais quatro estabelecimentos fixos que ficam dentro do recinto), 10 balcões com porco no espeto, pão quente, crepes e similares e outros tantos balcões apenas com bebidas.
Para além do conjunto de serviços de alimentação, o recinto conta com vários artesãos, alguns deles a trabalhar ao vivo, e com vários balcões com os mais variados ofícios da gastronomia, da arte e do artesanato, contabilizando, em média, 100 artesãos por edição.
A animação da Belmonte Medieval já teve, ao longo dos anos, várias produtoras responsáveis pela animação e componente teatral sendo que o princípio conceptual da mesma tem seguido a mesma linha durante o decorrer dos anos.
A grande alteração do conceito deu-se em 2015 (aquando da mudança de namimg) e a partir dessa altura, todos os anos é explorado um tema selecionado a partir das lendas e histórias de Belmonte, como foram exemplo a “História da Menina da Prensa” (2015), o “Sonho de Pedro Álvares Cabral” (2016), “Maria Gil Cabral” (2017), “Os Alcaides de Belmonte – 15 anos” (2018), “A Lenda do Cativo de Belmonte” (2019) e “Festas e Romarias depois da Peste” (2022).
Devido à data do evento, um grande número de visitantes da Belmonte Medieval consiste em emigrantes que regressam ao seu país para uma temporada de férias e que têm o hábito de visitar várias festividades e acontecimentos populares.
A Belmonte Medieval conta também com a visita de vários entusiastas do formato e que normalmente participam muito ativamente na animação e experiências que a feira tem para oferecer.
Com o crescimento do turismo em Belmonte, tem vindo a ser também visível um número crescente de pessoas que aproveitam a altura para alugar um alojamento local no concelho para poder desfrutar da totalidade da feira, sendo que a oferta de alojamento no concelho de Belmonte nas datas do evento está totalmente preenchida com meses de antecedência.
A multidão junta-se para assistir a mais um espetáculo na Praça Manuelina
Em termos internacionais, o maior grupo de visitantes que normalmente o evento recebe são brasileiros e espanhóis. Enquanto a proximidade à fronteira facilita a deslocação de visitantes de nacionalidade espanhola, o fenómeno dos visitantes brasileiros deve-se muito à crescente comunidade brasileira a viver em Portugal e que gosta do formato, mas também com o esforço que o Município de Belmonte tem desempenhado em contar a história de Pedro Álvares Cabral, filho da terra e descobridor do caminho marítimo para o Brasil, e o estreitamento de relações com várias instituições brasileiras.
A Belmonte Medieval é também muito participada por pessoas da região centro de Portugal (próximas de Belmonte), sendo que a quantidade de eventos dentro desta temática tem crescido em Portugal de forma generalizada, o que acaba por fazer com que as pessoas não se desloquem grandes distâncias para nos visitar.
A feira medieval de Belmonte contabiliza anualmente cerca de 100 000 visitantes, com algumas flutuações pontuais devido sobretudo a condições climatéricas ou acidentes naturais, como foi exemplo o ano de 2022 com os grandes incêndios da Serra da Estrela e Cova da Beira.
A Belmonte Medieval comunica desde 2015 de forma original e peculiar a sua feira.
É realizado um casting circunscrito a todas as pessoas que vivam, trabalhem ou estudem no concelho de Belmonte de forma a escolher as caras que vão ser apresentadas no cartaz desse ano e que vão encarnar as personagens que dão vida às histórias de cada edição.
Para além disso, os selecionados participam também, com destaque, no cortejo de abertura da Belmonte Medieval e no teatro comunitário.
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